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Para entretecer uma colcha de retalhos, 2016

  Este trabalho apresenta um projeto de intervenção educacional no âmbito da disciplina de Arte com um grupo de alunos do Ensino Médio do E.J.A (Ensino para Jovens e Adultos), na E.E. Padre Antão, na zona leste, periferia de São Paulo.

  Este trabalho partiu do objeto “colcha de retalhos” enquanto uma metáfora para propor, pensar e discutir a sala de aula, na qualidade de um espaço organizado e composto por tantas singularidades que dão forma para um grupo, para uma classe, para uma turma. Tal qual a própria materialidade de uma colcha de retalhos, cada retalho particulariza e compõe o todo. A colcha, quando vista numa perspectiva macro, em que, ao se aproximar e observar com atenção, dá a ver o individual, o íntimo, o privado, e à medida que se distância, esses retalhos vão se somando e se compondo, até chegar no todo, na colcha em sua complexidade

  Deste modo, cada aluno foi convidado a produzir um retalho, uma parte de uma colcha de retalhos, assim como também a compartilhar o processo e as histórias que o levaram a chegar aos procedimentos que oferecem forma para o seu trabalho. A colcha constitui uma complexa composição, que parte de um retalho de tecido que posteriormente e coletivamente é costurado de maneira a criar a colcha de retalhos. Trata-se de tentar estabelecer a sala de aula na qualidade de um espaço habitado e movido pela subjetividade de cada aluno, o compartilhamento de um espaço físico e simbólico, em que, na circulação da palavra e do sensível tem-se a presença da fala e, sobretudo, da escuta. A colcha de retalhos configura uma dimensão visual ao plano imaterial, de uma tessitura de experiências compartilhadas pelo trabalho da mão, do olhar e da voz.

  Grande parte da minha intervenção foi oral, em uma troca com os alunos: foi sentando, conversando e, sobretudo, escutando. “Para entretecer uma colcha de retalhos” é uma colcha de fabulações, de experiências, de ficções, tecida coletivamente a partir de registros do vivido, contados e compartilhados. Trata-se de uma experiência de costura de uma narrativa coletiva e entremeada, enredada e sobreposta por camadas de retalhos.

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